Laser Terapia ou “Light Amplification By Stimulated Emission Of Radiation”, ou seja, (Amplificação da Luz por Estimulação da Emissão de Radiação)
A laserterapia de baixa intensidade (LTBI) ou baixa potência (reativo) é um termo genérico que define a aplicação terapêutica de lasers e diodos superluminosos monocromáticos, com potência relativamente baixa, para o tratamento de feridas abertas, lesões de tecidos moles, processos inflamatórios e dores associadas a várias etiologias, com dosagens consideradas baixas demais para efetuar qualquer aquecimento detectável nos tecidos irradiados.
A terapia a laser de baixa intensidade é realizada por meio de uma energia luminosa que estimula o reparo tecidual. Ele possui ação analgésica, anti-inflamatória, com efeitos baseados na angiogênese provocando aumento da circulação local. E ainda promove o aumento na quantidade de macrófagos
para realizar fagocitose, favorece o metabolismo para proliferação celular de fibroblastos, assim como o aumento da capacitação de fibrina para síntese de colágeno, na quantidade de células de granulação, a mobilidade do tecido epitelial, e dessa forma induzindo e acelerando o processo de cicatrização.
Figura 01 – Laser de Baixa Potência
O mecanismo de ação da fototerapia necessita da absorção da luz por uma molécula fotoreceptora, denominada cromóforo. Os cromofóros podem ser endógenos (como a melanina, o citocromo, as profirinas, a hemoglobina, entre outros) ou exógenos (como psoralenos ou outras drogas fotossensibilizantes).
Após a absorção da luz, o cromóforo passa do estado de estabilidade para o de excitação e essa nova situação induz reações químicas e a formação de um fotoproduto, dando origem a uma cascata de respostas celulares. Este processo de “potencialização da ação celular” é chamado de fotobiomodulação, isso porque atua em processos fisiológicos dos tecidos acelerando ou inibindo suas funções.
Figura 02 – Interação da Luz com os tecidos
Monocromaticidade: A luz laser possui um comprimento de onda específico, portanto uma cor pura.
Coerência: Durante a emissão, suas ondas luminosas apresentam oscilações uniformes e ordenadas ao contrário de uma fonte de luz convencional.
Polarização ou Colimação: Mínima divergência entre os raios. O laser pela sua constituição física, quando emitido, tem a capacidade de seguir uma única direção com raios paralelos
Figura 03 – Laser vs Luz Comum
O laser irradiado nos tecidos humanos produz efeitos primários e secundários
Os efeitos primários são subdivididos em efeito bioquímico, bioelétrico e bioenergético. Como efeito bioquímico da radiação laser temos a liberação de substâncias pré-formadas (serotonina, bradicinina e histaminas), modificações das reações enzimáticas, estímulo da produção de ATP e também ação fibrinolítica.
O efeito bioelétrico principal é a potencialização da bomba de Na/K que consome a energia proveniente do ATP. O efeito bioenergético de acordo com os estudos realizados por Gurvich, Popp, Mester e Inyushin consiste na existência de uma energia, que estimula todos os níveis das células e tecidos do organismo, resultando em uma normalização da função celular.
Numa lesão tecidual são liberadas substâncias como a histamina, serotonina e bradicinina. A histamina e a bradicinina são potencializadas pelas prostaglantinas provocando fenômenos como a sensibilização dos receptores dolorosos e aumento da permeabilidade venular, ocorrendo extravasamento do plasma, formando o edema.
Assim o laser irá atuar interferindo na síntese de prostaglantinas determinando a redução nas alterações proporcionadas pela inflamação e o estímulo a microcirculação garantindo um eficiente aporte de elementos nutricionais e defensivos para a região lesada.
Este efeito ocorre pelo estímulo a microcirculação e também pela ação fibrinolítica.
Os benefícios clínicos da laserterapia podem ser vistos em procedimentos que vão desde questões estéticas até situações mais graves. Nesse sentido, são relatados principalmente o tratamento de cicatrizes, ferimentos, hematomas, queimaduras, neuralgias e inflamações localizadas.
Os resultados gerais apontam para um efeito bioquímico que envolve a estimulação de ATP (trifosfato de adenosina), a liberação de neurotransmissores que causam sensação de relaxamento e bem-estar (serotonina e endorfina), a interferência na produção de prostaglandinas e a ação fibrinolítica característica.
Também são relatadas ações bioestimulantes, como implicações no aumento da mobilidade iônica, estimulação das mitocôndrias e elevação da atividade fagocítica. Esses desfechos intracelulares ocorrem em organelas específicas.
As consequências são a expansão do tecido de granulação, a regeneração das fibras nervosas e a formação de novos complexos sanguíneos. Além disso, é evidenciada uma maior produção de colágeno e uma aceleração no processo de cicatrização.
O recrutamento amplo de macrófagos e linfócitos facilita a atividade fagocitária e melhora a resposta imunológica frente a antígenos diversos.
Sendo assim, a laserterapia promove efeitos analgésicos, anti-inflamatórios, cicatrizantes e antiedematosos. Este último, obtido pela redução da sensibilização das prostaglandinas e pelo aumento da permeabilidade vascular
O processo de cicatrização é complexo e, conforme o tamanho da lesão, é preciso intervir com condutas específicas para evitar um desconforto ao paciente. A inflamação subjacente envolve a participação de linfócitos, fibroblasto e muitos mediadores inflamatórios.
A aplicação de laser de baixa potência pode excitar os linfócitos e promover sua ativação e proliferação, contribuindo sobre maneira para a facilitação da cicatrização. Além disso, também ajudam no deslocamento das células epiteliais e na diminuição da síntese de mediadores inflamatórios.
Alguns estudos já mostram que o laser pode aumentar a produção de ATP, aumentar a velocidade da mitose e estimular a microcirculação. Dessa forma, gera novos vasos sanguíneos que aperfeiçoa o processo de cicatrização.
Sua aplicação é ampla, pois pode ser utilizada em grandes ou pequenas feridas em processo de cicatrização tanto em humanos quanto em animais. O que diferencia no tratamento é o tipo do meio ativador, o tempo de irradiação e o número de aplicações.
Outras indicações ainda em fase de estudos incluem a laserterapia para o tratamento das chamadas úlceras de pressão, conhecidas popularmente como escaras. Trata-se de feridas em algumas partes do corpo devido à imobilidade dos pacientes em regime de internação hospitalar.
Nesse caso, a laserterapia de baixa intensidade aplicada em intervalos programados tem melhorado o aspecto dessas formações bolhosas e diminuído a dor atribuída ao contato com elas.
Além dos tratamentos cutâneos, os lasers de baixa intensidade têm diminuído ou cessado a dor crônica, em especial as fibromialgias.
Pessoas que sofrem com dores musculares não conseguem realizar confortavelmente as atividades diárias e, por apresentarem uma situação dolorosa latente, muitos pacientes recorrem a tratamentos medicamentosos ou
cirurgias na esperança da eliminação da dor. Porém, muitas vezes não alcançam o objetivo terapêutico.
A laserterapia de baixa potência vem com uma estratégia menos invasiva e com potencial analgésico característico. As principais pesquisas demonstram que esse tipo de laser bloqueia a condução do estímulo nervoso, diminuindo, assim, a percepção cerebral da dor.
Além disso, o procedimento promove a liberação periférica de opioides endógenos, que causam, além da analgesia, uma sensação de relaxamento e bem-estar durante as aplicações periódicas. Mas, para obter a melhora dos sintomas, é importante que o paciente compareça às sessões de aplicação, siga as orientações do profissional e mantenha uma rotina saudável.
ILIB ou Intravascular Laser Irradiation of Blood, é uma técnica terapêutica que utiliza laser de baixa potência para irradiar a luz a nível sistêmico. Nessa técnica o laser é aplicado de maneira endovenosa ou intra arterial no intuito de modular as funções celulares diretamente no sangue.
Os parâmetros variam bastante, mas segundo os estudos russos, o comprimento de onda mais utilizado é o vermelho com doses de 2 a 10 mW, de maneira endovenosa, por 30 ou 60 minutos, segundo Turner;
Hode, a cada 1 mW de potência aplicada no comprimento de onda de 660nm endovenoso equivale a 20 ou 30 mW transcutâneo. Atualmente, o ILIB compreende uma técnica inspirada na aplicação intravenosa, porém a aplicação é feita de modo não invasivo e tem como objetivo promover os mesmos efeitos biológicos da irradiação sistêmica do laser no sangue. A imagem a seguir mostra os métodos de irradiação sanguínea dividindo por modalidade invasiva e não invasiva e que teriam os mesmos efeitos sistêmicos entre si.
Figura 04 – Laser Body Irratiation
Dentre os efeitos biológicos da irradiação sistêmica, destacam-se efeito bioestimulante, analgésico, antialérgico, imunocorretivo, antibacteriano, antihipóxico, vasodilatador, antiarrítmico, espasmolítico e antiinflamatório.
Em resumo, a técnica de Ilib tem como objetivo manter a homeostase do organismo, combatendo os radicais livres presentes na corrente sanguínea (Wang, et al., 2016). A irradiação da luz estimula a liberação da enzima Superóxido Dismutase neutralizando os radicais prejudiciais relacionados à isquemia e à resposta inflamatória. Seu mecanismo terapêutico também está diretamente ligado aos efeitos benéficos direcionados aos componentes sanguíneos, como lipídios, plaquetas e glóbulos vermelhos podendo contribuir no aumento da imunidade, intensificando a síntese de ATP, a melhora na circulação sanguínea e o aumento da oxigenação celular.
Esse aumento da funcionalidade mitocondrial pode ativar os glóbulos brancos do sangue, como os linfócitos, que são responsáveis pela defesa do corpo contra invasores como vírus e bactérias. Alguns autores também relatam que o Ilib pode aumentar a produção de óxido nítrico no corpo. O óxido nítrico é um importante neurotransmissor com capacidade potencializadora, atuando na memória e no aprendizado, podendo também ter ações endócrinas, autócrinas e parácrinas. A sua ação na imuno-regulação está presente na inflamação e nos mecanismos de autoimunidade.
Assim como toda intervenção terapêutica, é fundamental manter alguns cuidados para evitar complicações. Por isso, não é recomendável a irradiação direta sobre a retina para não danificar irreversivelmente essa estrutura, sendo obrigatório o uso de óculos de proteção tanto para os pacientes quanto para os aplicadores.
Sem dúvida o laser de baixa intensidade ocupa um lugar de destaque entre os acontecimentos tecnológicos dos últimos tempos. Ele está presente na odontologia, fisioterapia, estética e na integrativa, dentre outras de maneira marcante. Essas áreas tem se beneficiado do uso dessa tecnologia. Na estética a exploração das potencialidades do laser de baixa intensidade, o qual é menos invasivo que os lasers convencionais, assumiram a primazia nos tratamentos de rejuvenescimento, alopecia, estrias, celulite, acne, entre outros.
Assim o laser de baixa potência também chamado de laser terapêutico é considerado uma técnica segura e não invasiva e que praticamente não apresenta nenhum efeito colateral ou desconforto nas pessoas que se submetem a este tratamento.